Hospital 4.0

O início da Quarta Revolução Industrial chegou ao Hospital Santa Cruz 

O que carros e estetoscópios têm em comum? O que tem levado tantos hospitais pelo mundo a se espelhar na moderna indústria automotiva para reorganizar os processos de gestão e a introdução das TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação? Quem responde é o Dr. Leonel Fernandes (CRM 61.633), superintendente-geral do Hospital Santa Cruz: “A indústria automotiva tem um processo produtivo avançado, que integra TIC e robôs à manufatura, numa colaboração entre homem e máquina sem precedentes na história. Trabalham em linha de produção contínua e customizada, que garante agilidade, segurança e redução de desperdícios”. E, nisso, esclarece o Dr. Leonel, ela é muito parecida a um hospital em atividade, onde a logística e a integração harmônica de especialistas de diferentes competências precisam ser estruturadas nos mínimos detalhes do começo ao fim do processo – desde a chegada do paciente ao pronto atendimento até sua alta, passando pela realização de exames, administração de medicamentos, aprovação dos convênios médicos e uma possível internação, entre muitas outras etapas. 

Isso explica por que, no começo dos anos 2000, muitos executivos de montadoras de automóveis, de grandes multinacionais, foram contratados por hospitais – a ideia, na época, era aplicar na saúde a bem-sucedida maneira de produção dessa indústria. Funcionou até certo ponto: “No fim, percebeu-se que, ao contrário de um carro, cada paciente apresenta peculiaridades diferentes. Uma dor de barriga em uma pessoa não é igual à dor de barriga em outra”, diz o Dr. Leonel. 

Agora, a parceria se restaura em um novo âmbito: assim como as montadoras foram pioneiras na estruturação da linha de montagem no passado, hoje elas estão à frente da Quarta Revolução Industrial, conhecida também como Indústria 4.0, como vem sendo chamada a crescente automação dos processos. “É nesse ensejo que o Hospital está se inserindo gradativamente, visando ao ganho de agilidade e à segurança para aumentar a qualidade no atendimento e cuidar melhor do cliente”, afirma o superintendente do Hospital Santa Cruz.  

A Primeira Revolução Industrial, vamos lembrar, foi aquela que, nos séculos 18 e 19, levou à substituição da força de trabalho animal pelas máquinas a vapor centrada no carvão. A Segunda, ou 2.0, ocorreu na virada para o século 20, com a chegada da energia elétrica e do petróleo como força motriz. Foi quando nasceram as linhas de montagem das fábricas, como, por exemplo, a da Ford, criada por Henry Ford, da GE – General Electric, de Thomas Edison, e a IBM – International Business Machines Corporation, de Thomas Whatson. Já a Terceira Revolução Industrial é aquela que introduziu na nossa vida os computadores e os inovadores sistemas de automação interconectados pela internet, além da robotização de manufatura, porém ainda demandando custosos investimentos e extensos treinamentos profissionais. 

Atualmente, um novo movimento vem se consolidando no setor. O salto tecnológico e a forma diferente de organizar a informação ganham o nome de Indústria 4.0. Essa onda faz uso intensivo da internet e de dispositivos dotados de inteligência artificial para integrar o processo de manufatura ou produção de outros sistemas, como o administrativo, o atendimento, a satisfação do cliente e as atividades comerciais. Neste momento, robôs e sistemas de gerenciamento de dados executam tarefas antes restritas aos homens – dos processos manuais, mecânicos, aos mais complexos, que exigem a análise racional de informações, impactando diretamente em toda a cadeia de relacionamento de uma empresa, desde os colaboradores até os clientes.

É nesse contexto que surgem termos como IoT – Internet das Coisas (a sigla vem do inglês, Internet of Things): dispositivos conectados à internet que interagem entre si a partir de comandos digitais pré-estabelecidos ou gerados por meio de sistemas de inteligência artificial, que é a capacidade que as máquinas adquirem para que, por meio de algoritmos, aprendam e deem suporte na tomada de decisões com maior chance de acertos, passando a impressão de que funcionam por conta própria. 

Outra novidade desta Quarta Revolução Industrial é o Big Data, uma área de concentração de bilhões de informações que podem ser isoladas e analisadas em questão de segundos pelo sistema chamado Data Mining, transformando um grande volume de dados brutos, reunidos e transmitidos também pela IoT, que contribuem para que o ser humano possa identificar comportamentos, prever possíveis reações e a cada ciclo rodado aprender com os erros e acertos. 

No Hospital Santa Cruz, o conceito da Quarta Revolução Industrial está sendo introduzido gradativamente em diversas instâncias. O processo se iniciou em 2017 com a modernização do Data Center – que contou com equipamentos de última geração e tecnologia Hitachi. Na ocasião, foi criado um repositório capaz de armazenar o Big Data e os recursos de Data Mining de modo totalmente seguro. Entre 2018 e 2019, a Rede Multisserviço Digital do HSC foi implantada, trazendo alta velocidade, resiliência e segurança com central óptica e capilaridade wi-fi profissional com gestão inteligente por software da NEC/HP. Com esses investimentos em infraestrutura digital, a Instituição ficou pronta para conectar várias facilidades digitais e construir as aplicações de um Hospital 4.0.  

Em 2018, foram instalados quatro dispensários eletrônicos no pronto atendimento. Tratam-se de grandes armários automatizados, que armazenam medicamentos e insumos (como seringas, curativos e ampolas). Podem ser considerados exemplos práticos da Internet das Coisas: o pedido chega diretamente ao computador do dispensário, já com o nome do paciente, que informa os medicamentos que devem ser administrados e em qual dosagem. Acionado por um funcionário, o dispensário abre, então, apenas as gavetas correspondentes a essa prescrição. Ou seja, maior segurança oferecida ao paciente por meio da dupla checagem e rastreabilidade.  O computador ainda avisa quais itens estão próximos de acabar, para que sejam repostos a tempo. Desde que foram instalados, os dispensários já resultaram na redução de consumo de materiais médicos e medicamentos em 19% quando comparado à série histórica a partir de 2015.

Agora, em 2019, a automatização dos processos chega ao beira-leito. Já está em implantação no setor de Enfermagem um sistema inovador que armazena os dados referentes a cada paciente. De posse de um aparelho conhecido como PDA (Assistente Pessoal Digital, semelhante a um palmtop), o enfermeiro tem acesso a um código de barras impresso na pulseira da pessoa, onde consegue acessar diversas informações sobre ela, entre as quais alertas de segurança (como alergias), sinais vitais e os medicamentos a serem administrados, e em que horário. “Com esse sistema de checagem beira-leito, será possível agilizar a assistência ao paciente e fazê-lo de forma mais segura”, afirma Regina Marques dos Reis Sanches, gerente de TI do Hospital Santa Cruz.   

Outra novidade que promete revolucionar os processos dentro da Instituição é a chegada de dois robôs que serão integrados ao Sistema de Gestão Hospitalar do HSC, responsáveis por controlar o estoque de medicamentos: munidos de braços mecânicos, eles serão capazes de reconhecer esses medicamentos por meio de código de barras, separá-los e identificá-los já com os dados e local de internação do paciente, incluindo o nome do medicamento, a dosagem e o horário de administração. Segundo Crystina Takeuti, gerente de Logística e Compras do Hospital Santa Cruz, “os robôs já entraram em fase de integração e devem estar em operação a partir de janeiro”.

No Hospital 4.0, até os processos administrativos podem ser integrados e robotizados. Gláucia Midori Ino Tanaka, gerente de Auditoria, Contas e Guias do Hospital Santa Cruz,  lembra de mais uma inovação recente na Instituição, que é o software que busca os status de autorizações dentro das plataformas das operadoras de plano de saúde de forma automática. “Antes era tudo manual: o funcionário tinha que acessar o sistema das operadoras continuamente e verificar a aprovação ou não dos procedimentos solicitados”, diz. “Esse novo software faz isso por conta própria, 24 horas conectado diretamente à plataforma das operadoras, buscando as informações, atualizando instantaneamente o status no Sistema de Gestão Hospitalar e informando o colaborador dos retornos recebidos.”

A essas novidades, podemos somar ainda o microscópio robotizado recém-adquirido pelo Hospital (veja na seção “Aconteceu”) e os próximos passos de integração em diagnósticos, intervenções clínicas e cirúrgicas  ainda mais complexos, pois exigirão um trabalho intenso com os profissionais médicos. Haverá também uma extensão para a integração por meio da rede WeB aos nossos clientes e stakeholders, numa rede segura e profissional, que garante a confidencialidade das informações individuais. É o Hospital Santa Cruz se reafirmando como um modelo moderno de medicina preventiva, contribuindo para a preservação da saúde da população.

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